As flechas pestíferas de Apolo
Stanisław Wyspianski, Apollo razi grotami pomoru (Iljada), 1897 (?)
As concepções em torno da saúde e da doença variaram ao longo
da história, alterando os modos de compreender os processos de adoecimento e de
cura mediante a prática terapêutica, bem como os próprios sentidos e percepções
das doenças e suas explicações causais.
Na antiguidade, a concepção de doença aparecia como um
castigo divino, representando a ira dos deuses com as transgressões humanas.
Segundo a mitologia, o deus Apolo seria responsável por produzir as doenças com
suas flechas mortais, mas também poderia curá-las. Por este motivo, tornou-se a
principal divindade controladora das doenças.
A religião grega aceitava a existência de vários deuses, aos
quais se atribuía a causa de muitos fenômenos da natureza. Segundo a lenda,
Apolo e Ártemis, produziam peste e doença entre os mortais ao lançar suas
flechas sobre os homens.
No Canto I de A Ilíada, Homero descreve essa concepção
mitológica grega. Segundo o poema mítico, o rei Agamenon havia raptado e tomado
como esposa a jovem Criseida, a filha do sacerdote de Apolo. O sacerdote
implorou, em nome de Apolo, que Agamenon lhe devolvesse a filha, oferecendo-lhe
pagamento e o favor dos deuses em batalha. Agamenon recusa e o sacerdote se
afasta da praia rezando à Apolo que atende:
“[...] a tais preces, arco e aljava cruza,
Do vértice do céu baixa iracundo;
Vem semelhante à noite, e a cada passo
Tinem-lhe ao ombro as frechas.
[...]
Moles primeiramente a cães e a mulos,
Depois com vira acerba ataca os homens,
De cadáveres sempre a
arder fogueiras.”
A epidemia não cessou e Aquiles, principal guerreiro grego,
pediu para que consultassem um sacerdote ou adivinho e descobrissem a razão da
fúria apolínea. Desta feita, revelou-se que Apolo estava colérico porque
Agamenon desrespeitara seu sacerdote. Após uma disputa com Aquiles, o rei
concordou em devolver a filha do sacerdote.
Após o retorno de Criseida, foram feitas orações à Apolo,
seguida de sacrifícios animais para satisfazer ao deus, que se satisfez, aplacando
a peste.
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